"O grande
desafio que a Escola de hoje enfrenta é a de ensinar os alunos a dominar as
diferentes literacias de modo a aprender a viver num mundo rico em informação e
onde as tecnologias superabundam.” (Proença, 2012).
Ao longo
desta Unidade Curricular foram vários os momentos de reflexão sobre a função
central da escola que hoje se preconiza - o aluno como construtor do seu
próprio conhecimento, autónomo, interventivo, responsável e que revele espírito
crítico. A escola deve proporcionar o desenvolvimento de competências
essenciais que permitam ao aluno saber pesquisar, pensar criticamente, tirar
conclusões, aplicar conhecimento a novas situações, construir e adquirir
conhecimento novo, assim como partilhá-lo. A escola deve igualmente fomentar
uma aprendizagem contínua ao longo da vida. As metas de aprendizagem das TIC,
surgem dessa necessidade de “…identificação do conjunto de competências que a
sociedade espera que os jovens adquiram hoje na escola.” (Costa et al, 2010,
pág, 932). As Tecnologias da Informação e Comunicação terão de ser uma presença
incontestável na escola para que os alunos desenvolverem competências digitais
e transversais para aprender ao longo da vida. Estas desempenham “um elevado
potencial para a promoção do desenvolvimento global dos indivíduos, da
sociedade e, bem assim, da missão nuclear da própria escola.” (Costa et al,
2010, pág. 933). Urge a necessidade da escola, professores e biblioteca mudarem
as suas práticas pedagógicas e educativas no sentido de acompanharem a evolução
da Sociedade da Informação e as mudanças significativas na nossa forma de viver
e interagir com os outros.
A forma mais eficaz das metas de
aprendizagem das TIC potenciarem o desenvolvimento global dos indivíduos não
será através da implementação de uma disciplina que pode encaminhar a
aprendizagem das TIC numa perspetiva meramente técnica e estanque, mas sim,
entendidas numa “perspetiva transversal, ou seja, visando a articulação que
fosse possível estabelecer, desde logo, com as diferentes áreas disciplinares,
tanto do ponto de vista horizontal, como em termos de sequência e progressão ao
longo dos 12 anos de escolaridade.” Costa et al, 2010, pág.933).
As metas de aprendizagem TIC, como
referencial, permitem que os professores nas suas áreas específicas considerem
um conjunto de competências, “numa ótica de desenvolvimento global do aluno,
permitindo-lhe compreender e decidir, de forma fundamentada, em que matérias,
para que fins e como será pertinente e adequado mobilizar as TIC. (Costa et al,
2010, pág. 934).
As áreas de competências das Metas de Aprendizagem das TIC,
nomeadamente: Informação, na
capacidade de procurar e de tratar a informação de acordo com objetivos
concretos: investigação, seleção, análise e síntese dos dados; Comunicação, na capacidade de
comunicar, interagir e colaborar usando ferramentas e ambientes de comunicação
em rede como estratégia de aprendizagem individual e como contributo para a
aprendizagem dos outros; Produção,
na capacidade de sistematizar conhecimento com base em processos de trabalho
com recurso aos meios digitais disponíveis e de desenvolver produtos e práticas
inovadores e Segurança, na
capacidade para usar recursos digitais no respeito por normas de segurança,
constituem a base para o desenvolvimento das literacias definidas no
referencial “Aprender com a Biblioteca Escolar”, nomeadamente a literacia da leitura, com o
desenvolvimento do gosto e de competências de leitura /escrita (através de
textos impressos e digitais) e comunicação (oral, escrita e multimédia); a literacia dos média, no
desenvolvimento de competências propiciadoras de novas formas de aprender, interagir
e comunicar através dos média e a
literacia da informação, no uso
crítico e informado de recursos e ferramentas de aquisição integrada de conhecimentos
associados ao uso correto e eficaz das ferramentas de informação e comunicação,
independentemente do suporte da informação. A literacia digital é a capacidade de operar com as tecnologias
digitais, demonstrando compreensão dos conceitos envolvidos e das suas potencialidades
para a aprendizagem. Como é referido no referencial “Aprender com a Biblioteca
Escolar”: “A literacia digital é abordada numa perspetiva transversal, em que a
presença das tecnologias se encontram em todos os contextos da aprendizagem”. (Quadro
1).
Em ambos os documentos, metas de
aprendizagem das TIC e o referencial “Aprender com a Biblioteca Escolar”, apresentam-se uma série de estratégias de
operacionalização por anos de escolaridade que, com as devidas adaptações à
realidade de cada escola e ao currículo, poderão ser uma boa orientação para a
consecução das metas a atingir. A biblioteca é o centro nevrálgico para o
desenvolvimento das literacias, presentes em todos os ambientes de
aprendizagem. Como refere Felizardo, as metas de aprendizagem TIC, enquanto
referencial, constitui um “suporte precioso para ajudar os Professores
Bibliotecários na implementação de modelos de pesquisa, pois não se pode
promover a literacia informacional sem o suporte da literacia digital”. É nesta
perspetiva, que a Biblioteca de uma forma articulada e colaborativa com os
professores, poderá desenvolver projetos de integração transversal das TIC,
potenciando e rentabilizando as competências de utilização das TIC em situações
de aprendizagem mais dinâmicas, significativas e colaborativas.
Quadro1
Referências bibliográficas:
Costa et al (2010). Metas de Aprendizagem na área das TIC:
Aprender Com Tecnologias. I Encontro Internacional TIC e Educação. Inovação
Curricular com TIC. Lisboa. Instituto de Educação da Universidade de Lisboa.
(931-936).
Costa, Fernando et al. (2010). Metas de
Aprendizagem na área das TIC. in DGIDC-ME (2010). Metas de Aprendizagem.
Lisboa: DGIDC/ME.
Felizardo,
Helena. As metas de aprendizagem na área das tic no contexto do desenvolvimento
das literacias e das competências transversais. in Pós-graduação em Gestão de
Bibliotecas A Biblioteca Escolar e as
Novas Tecnologias. Leiria: ISLA.
PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência.
Gabinete da Rede Bibliotecas Escolares: Aprender com a biblioteca escolar .
Lisboa: RBE (2012).
Proença, J. (2012). Biblioteca Escolar e Web
2.0 – Questões em torno de algumas práticas em implementação e perceção do
impacto no trabalho da Biblioteca, Lisboa. Disponível em
http://repositorioaberto.univ-ab.pt/handle/10400.2/2149 [acedido em 23 de
novembro de 2014].